domingo, 21 de novembro de 2010

O TEMPO


Certo dia, o Tempo, cansado já de tanto caminhar e carregar a vida de muitos para a frente, decidiu parar e descansar.
O Tempo era mudo, só os que estavam em suas costas tinham permissão para falar e gemer, mas ele não se importava por não poder moldar o ar em sua boca, ele só queria descansar o seu fardo um pouco.
Mas o Destino não tinha aprendido a parar, e logo ele insatisfeito com o Tempo, começou a chicoteá-lo. Louco o Destino; era sego, e não via que as costas do Tempo eram macias pois estava coberta dos que podiam falar e gemer.
Os que podiam falar e gemer sentiam as chibatadas firmes do Destino, e insatisfeitos com o Tempo, passaram a empurrar o tempo para escapar de seus novos destinos. 
Mas ele, o Tempo, não sairia dali até descansar, teimoso como ninguém podia imaginar, ele ficou sentado deixando o Destino bater em quem podia gritar.
Então o Anjo Negro veio do infinito, e ordenou que o Tempo volta-se a andar. Ninguém nem nada poderia imaginar que o Tempo temeria a não existir, e logo começou a caminhar, e caminhou, caminhou, caminhou...
O Tempo nunca mais parou, ele agora tinha um destino, fugir de sua extinção.

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