sábado, 20 de novembro de 2010

A AURA DO DEMÔNIO


A curiosidade é um dom, e foi com este dom que uma criança decidiu ver através do buraco da fechadura. Lacrado há tempos ele estava, mas a doce criança não tinha aprendido a temer o erro.
Ajoelhou-se perante a porta e colocou seu olho para degustar a realidade escondida do outro lado. Sem imaginar que iria encontrar com sua alma em um futuro inimaginável.
Ela via a si mesma, a sua alma já madura, sugando a essência de toda matéria, na tentativa de preencher o vazio em seu coração. Perturbada ela andava, tagarelava, e procurava mais alguém parar beijar e sugar os sentimentos na tentativa de fazer parar o desespero que a consumia a muito.
A pequena criança começava a chorar, não podia crer que sua alma havia sido morta, e que agora estava à procura novamente da sua essência, buscando em outros, ferindo outros, matando sem a capacidade de sentir culpa. A garotinha agarrava em seu vestido, expressando o ódio que sentia ao ver sua alma amadurecida matando, suas pálpebras se contraiam e a vergonha de ser quem ela era rolava para fora de seus olhos com a força de três mil homens.
Na tentativa de evitar que sua alma inocente se tornasse a aura do demônio ela se levantou, agarrou seus cabelos e começou a arrancá-los, não satisfeita, com as próprias unhas tirava sua pele e deixava em carne viva seu corpo, estava louca, e determinada a encontrar sua alma naquele momento.
A doce criança não parava, arrancava seus tecidos sem medo, sem dó de si mesma, ela sentia dor, mas estava disposta a encarar sua alma que estava escondida dentro do seu corpo.
Depois de minutos a criança caia no chão, já cansada pela dor, ela chorava novamente, estava frustrada por ter si destruído e falhado em encontrar sua alma dentro de si. Mas era tarde, e a morte estava fascinada com aquela pequena criança, e a queria em seu reino, levou-a para o Diabo, e à vela o mesmo lhe disse que ela seria sua aura, e com um assopro ele lhe tirou os sentimentos, e tudo o que sobrou para ela foi o desespero de tentar reencontrar sua essência.
E a partir daquele momento a existência que era uma criança se transformou na aura do demônio, e passou a matar a procura de sua essência perdida.

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