sábado, 20 de novembro de 2010

AS CRIATURAS


Quando minha existência passou a ter consciência dela mesma, eu decidi divertir minha mente.
Peguei dois seres, lindos seres, e os coloquei dentro de uma jaula.
Ah era lindo a vida espremida pelas próprias mentes aprisionadas dentro de seus corpos ali. Os deixei lá, tive paciência, e passei a observar o que viria por vir.
Não demorou para que os dois começassem a ver os olhos um dos outros, era estranho ver duas criaturas cuidando uma da outra, mas eu conhecia a sua natureza, e esperei o que estaria por vir.
Elas dividiam a vida para não deixar seu alheio morrer, se aqueciam, se acariciavam, e por vezes filosofavam sobre mim, mas eu tive paciência, pois conhecia sua natureza e esperei o que estaria por vir.
Elas passaram a cobiçar a liberdade que eu tinha na palma da mão, e juntas planejavam a fuga para a felicidade, sempre juntas elas pareciam estar juradas a morrer quando a outra morrer, as belas criaturas tiravam forças umas das outras contrariando minha fé, mas não me desesperei, tive paciência, pois conhecia sua natureza e esperei o que estava por vir.
Certo dia, prometi as duas belas criaturas, a liberdade, mas somente uma teria o direito de tira-la da minha mão. Não demorou muito para eu ver brotar a natureza em seus olhos, sínicas... elas tramavam uma contra a outra em um pensamento singular, diferente do que faziam enquanto não tinham esperança concreta.
Logo uma delas apunhalou a outra com uma lamina que eu tinha deixado para ser forjada em sangue, mas a criatura apunhalada não estava morta ainda, e a outra vendo a vida alheia ameaçar sua única liberdade, passou a trucidar o corpo da criatura alheia para conseguir o que queria.
Tola criatura, deixei-a trancada, pois não merecia a liberdade por ser individual, não imaginou que uma única chave poderia salvar ela e o seu amor também, típico de um ser primitivo.
No final olhei a criatura, e meus olhos admiraram o que estava esperando por vir, e vi a verdadeira natureza humana, singular, fria e podre.

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